quinta-feira, 29 de julho de 2010

O Diário Azul (James A. Levine)

Este diário é uma história ficcional sobre uma criança prostituta na Índia que usa a sua habilidade secreta de saber ler e escrever para contar histórias que lhe servem para fugir ao seu dia a dia de sofrimento e onde também nos vai relatando os acontecimentos da sua vida. É uma história ficcional mas que podia ser o diário de qualquer criança prostituta da Índia se alguma delas soubesse de facto escrever.
É um livro devastador e dilacerante que conta uma história feia (entre algumas histórias bonitas) e terrível não sendo, assim, para estômagos fracos. Por vezes o livro tem cenas bastante gráficas de abuso infantil, violação, tortura, mutilação e sadismo, dessa forma por vezes torna-se bastante difícil de ler pelas emoções avassaladores que nos provoca e por isso obriga a parar a leitura para sermos capazes de digerir os acontecimentos da história.
O que surpreende neste livro é que, apesar do que Batuk sofre desde dos seus 9 anos até aos 15 vivendo como escrava sexual, persiste a sua força, a sua vontade de viver e a sua imaginação vivida. Esta menina é sua própria Sherazade e com as suas histórias tenta escudar-se do mundo exterior e curar o sofrimento da sua alma. Apesar de lhe dar alguns momentos de escapismo, Batuk não vive isolada da realidade, ela têm plena consciência da sua vida degradante.
Este livro é inesquecível e profundamente tocante dando-nos consciência de uma realidade tão diferente da nossa mas vivida por milhões de pessoas.
Outro facto notável é que este livro não foi escrito por uma menina, mas por um homem branco que foi capaz de se colocar completamente na pele da jovem Batuk para nos contar a sua história com uma escrita fluída e muito inteligente.


Autor: James A. Levine


Editora: Porto Editora


Páginas: 176


Género: Romance

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