quinta-feira, 30 de junho de 2011

O Diário (Eileen Goudge)

Esta foi uma das minhas leituras favoritas desta Primavera que terminou. O Diário de Eileen Goudge, é uma história que vai tocar o coração dos leitores, e que me vai obrigar a verificar os outros livros da autora. É sem dúvida uma história fabulosa, que vale a pena ser lida.
Quando duas irmãs idosas estão arrumando o sótão da casa de sua mãe que está morrendo, elas encontram o seu diário. Dentro do diário, elas descobrem que o verdadeiro amor de sua mãe não era o seu pai. Mas nem tudo é o que parece.
Elizabeth Harvey namorou com Bob durante quatro anos. Com os sinais que Bob vai emitindo Elizabeth tem a certeza que ele a vai pedir em casamento. Ele ama-a e trata-a muito bem. Ela também o ama e tem a certeza que juntos terão uma vida maravilhosa.
No entanto, toda a estrutura emocional de Elizabeth se altera, quando encontra um velho amigo na feira municipal, ao ponto de ela se sentir chocada com o seu próprio comportamento. Apesar de estar quase noiva, cora tremendamente de cada vez, que olha o bonitão do AJ. Elizabeth sente-se na corda bamba. Não quer trair Bob, mas sente-se terrivelmente atraída por AJ, ele desperta-lhe sentimentos que ela quer explorar. AJ decide no entanto partir, dizendo-lhe que volta, assim tenha algo para lhe oferecer.
Algum tempo mais tarde, Bob diz a Elizabeth que se alistou no Exército, mas que continua a quer casar com ela. Ela diz-lhe que vai avaliar a proposta dele, sabendo que se casar com ele, os dois terão uma vida fantástica. Por outro lado, a ausência de notícias de AJ levam-na a questionar a sua paixão por ele.
Mas, de repente AJ regressa, e Elizabeth é forçada a escolher entre o coração, e uma boa vida.
O Diário é uma comovente história de amor, com personagens muito bem-criadas e extraordinariamente bem trabalhadas e desenvolvidas. Eileen Goudge traz-nos uma magnífica história que gira em torno da família, dos relacionamentos e do amor, e uma pitada de mistério. Fui completamente apanhada, desde a primeira página, até ao fim do livro. Simplesmente genial. Adorei.





Autor: Eileen Goudge


Editora: Contraponto


Páginas: 192


Género: Romance

Destaque Bertrand

Aqui fica o último lançamento da Bertrand no mês de Junho.


O Escandinavo Deslumbrado (Alberto Xavier)

Depois de Al-Gharb 1146, Alberto Xavier traz-nos em ‘O Escandinavo Deslumbrado’ uma sátira de costumes onde predomina o absurdo, a ironia e a excentricidade.

Uma série de nove contos que se desenrola de forma dialogada e cuja característica comum é serem “contra-sensos”, no sentido de “nonsense” típico do humor inglês, em que sobressai a paródia, a brincadeira, o absurdo feito figura na mundanidade do salão ou na privacidade da sala onde se costuram intenções, se desfilam caprichos e bizarrias, vícios e excentricidades. Certeiro nesta arte do contra-senso, denunciando ambições, vaidades, petulâncias, desprezos, Alberto Xavier comete assim a ousadia de criar um novo género literário, disciplina de humanidades.

A Paixão de Jane Eyre (Charlotte Brontë)

Tal como o título nos induz, é uma história de paixão, do desejo humano em amar e de ser amado. É gótico, é romântico, é um clássico no verdadeiro sentido do termo. Como todos, não segue apenas uma mas duas tramas, a história do casamento e da herança, ambas com mestria. Brontë provoca-nos com uma e com a outra sucessivamente, inserindo astutamente os personagens mas com igual perícia sem precipitar qualquer desenlace. Se pudéssemos resumi-la a uma frase diríamos que se trata da história de Jane que busca alguém que ame e retribua o seu amor.
Todos os personagens de Brontë são descritos e agem de tal modo que não são meras caricaturas mas acabam por encontrar o seu próprio espaço para brilhar, todavia, acabam por ficar distantes, uma pálida imagem, do esforço e afã que a autora coloca em Jane e Edward Rochester. Rochester encaixa mais nas linhas convencionais do herói romântico. Muito mais do que Heathcliff, até porque este é o anti-herói romântico.
Rochester é um personagem complexo. Brontë parece caracterizá-lo rapidamente e lançá-lo na história. É uma força extraordinária e exige toda a força interior de Jane, para que ela consiga manter-se independente dos seus desejos e impulsos. Algo que ela o consegue fazer, até podemos dar por adquirido, mas as razões pelas quais o consegue é algo que nos deixa absorvidos pela história.
Mas Jane é toda uma outra constelação, transporta em si uma vida interior intrincada, fascinante e pungente. Até na sua infância, quando ela se agarra obstinadamente à ideia de rejeitar a tia enquanto está ainda incerta acerca das suas próprias posições morais, o seu interior é tumultuoso e complexo sem nunca nos parecer irrazoável. Normalmente as críticas detêm-se no seu exterior dócil e obediente, mas como jovem oriunda de uma classe social precária, completamente só no mundo, ela, mesmo assim, procura enfrentar esse mundo, em coerência com os seus sonhos e princípios morais. Intimidada pela sua família que a trata de um modo desapiedado, Jane pode estar habituada a seguir obedecer a ordens, mas também está muito acostumada a questioná-las. Reconhece a sua posição na ordem social de uma mulher sem ligações e sem fortuna, mas não o aceita cegamente – na realidade ela fortalece-se contra isso. Tem uma alma de artista cuja imaginação atrevida pinta os seus quadros, os seus devaneios e a sua narrativa de vida.
É uma observadora empenhada perante os que a rodeiam, observações que desnudam até os ídolos sociais mais polidos ou as figuras políticas de maior santimónia. Até mesmo quando ela se dirige àqueles que estão acima de si, ela fá-lo com eloquência, inteligência e espirituosidade. As suas conversas não são provocações astutas de um romance de costumes, mas acostam questões de moralidade, redenção, da igualdade de género e da natureza humana. Nem sempre tem total convicção nas suas opiniões, mas agarra-se firmemente a elas, mesmo quando isso implica sacrificar aquilo que ama. Em súmula, é a história de uma mulher inteligente e repleta de princípios cujo exterior convencional e a voz suave servem como um vívido contraste com um interior imaginativo, idealista, rebelde e de personalidade bem vincada. Ela está mais próxima de uma feminista na medida em uma mulher o poderia ser no seu tempo, apesar (ou em conjugação) da sua forma plácida de ser,
A história de Jane Eyre decorre durante um período de mais de uma década e nós seguimo-la desde o seu primeiro lar, enquanto órfã, na casa rica dos seus familiares que a tratam como uma estranha, pela sua vida no colégio interno para órfãs e como governante onde conhece Rochester.
É uma obra que podemos ler à luz do nosso tempo, o desejo de uma mulher viver uma vida fora do que a sociedade à partida lhe permite. Ela deseja viajar e experimentar o mundo, crescer intelectualmente e espiritualmente, deambulando pelas dificuldades de justiça social, opressão, espiritualidade/religião e de uma sociedade aberta a todos.






Autor: Charlotte Brontë


Editora: Europa-América


Páginas: 460


Género: Romance

Destaque Gailivro

Aqui fica o ultimo volume da colecção 1001 Mundos, lançado pela Gailivro durante o mês de Junho.


Prazeres Inconfessos (Laurel K. Hamilton)

O QUE FAZER QUANDO O MONSTRO QUE JÚRAMOS MATAR SE CONVERTE NO HOMEM SEM O QUAL NÃO PODEMOS VIVER?

Monica Vespucci usava um crachá que dizia “Os Vampiros também são Pessoas”. Não era um início de noite prometedor. Tinha cabelo curto, habilmente cortado, e uma maquilhagem perfeita. O crachá devia ter-me alertado para o tipo de despedida de solteira que planeara. Há dias em que sou demasiado lenta a perceber as coisas. “Eu usava jeans negros, botas até ao joelho e uma blusa carmesim, de mangas compridas, para esconder a bainha da faca que trazia no pulso direito, e as cicatrizes no meu braço esquerdo. Deixara a minha arma na mala do carro, pois não achava que a despedida de solteira se pudesse descontrolar por aí além…”

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Os Pecados da Rainha Santa Isabel (António Cândido Franco)

"Se quisermos repensar a cultura e encontrar forças vivas no passado, temos de recuar até antes do século XV em Portugal", afirma o autor, António Cândido Franco, como premissa para o seu romance sobre uma das mais célebres rainhas de Portugal, Isabel de Aragão, que o povo apelidou de santa.
Foi essa aura de santidade que inquietou o autor, dado que pouco mais do que a imagem de uma personagem pia e milagrosa parece ter perdurado na História. Conduzidos por essa inquietude somos levados a visitar, através do punho romanesco do autor, vários momentos da vida desta que foi a sexta rainha de Portugal. Uma desconstrução quase feita a filigrana que o autor se propõe fazer, partindo de algumas linhas-força modeladoras da vida de Isabel, a saber, o facto de ser filha de Pedro III de Aragão, rei excomungado pelo Papa, neta do gibelino Manfredo da Sicília, morto em batalha contra as forças papais, bisneta do Imperador Frederico II que era apelidado pelo Papado como “a besta negra”, as lutas acesas entre o poder real e o clero português (a Rainha Santa não só esteve envolvida em vívidas disputas com o clero rico e instalado, como também fundou em Alenquer as festas do Espírito Santo, em que o povo, a nobreza e a corte se sentavam à mesma mesa, e os presos eram libertados), das suas relações próximas com Arnaldo de Villanova, médico hermetista, alquimista, teólogo e, acima de tudo, herege, que cativaram e provocaram o próprio autor. Mas tal em nada implica que foi descurado, nem olhado de forma particularmente cínica momentos como o famoso Milagre das Rosas, as relações nem sempre pacíficas com o rei, D. Dinis, as peregrinações a Santiago de Compostela, e a educação de Afonso e Constança (o futuro rei de Portugal e futura rainha de Castela respectivamente). Todos estes são elementos em que o real e o mítico, o dócil e pertinaz parece coexistir pacificamente.
Todavia, mais uma vez, não falamos de um texto ensaístico mas de um romance histórico, assim, elementos como a imaginação, a parábola, a poesia encontram espaço no contar de um tempo e um momento; são as linhas com que os factos se costuram e se unem. A história começa bem antes do nascimento da rainha (1270), uma vez que o autor recua até às genealogias predecessoras, iniciando dos seus avós, pais, irmão até chegarmos a ela. É-nos explicado de onde vem, das políticas envolvidas no xadrez europeu, as vidas em torno do Sacro-Império Romano, as lutas entre Guelfos e Gibelinos, a disputa do reino da Sicília, e aprendemos que Isabel, deve o seu nome à sua tia Isabel da Hungria.
É notória a preocupação que o autor teve em reproduzir todos os trejeitos de linguagem da época, seguindo uma corrente mais clássica de romancistas históricos e, consequentemente, afastando-se de alguma modernização linguística que escritores contemporâneos tendem a fazer. Algo que talvez possa desencorajar uma leitura mais corrente e fluida da obra, mas ela própria visa marcar essa cadência, pois o esforço e a precisão descritiva implicam uma leitura pausada, tranquila.
Para António Cândido Franco, Os Pecados da Rainha Santa Isabel é o fechar de um tríptico medieval no feminino, de figuras cronologicamente muito próximas, completado com Inês de Castro e Leonor Telles. Todavia, o autor afirma que "Em Inês de Castro e Leonor Teles abordei, sobretudo, o tema do amor e da paixão, que em Isabel de Aragão não tem tanta importância, apesar da relação com D. Dinis não ser tão fria como se pensa. Não obstante, as três estão ligadas por uma cultura que não é masculina, que não tem a ver com afirmação, domínio, imposição. É uma cultura do silêncio, quase sagrada. Além disso, são, curiosamente, identificadas pelo mesmo espaço: Coimbra. Isabel de Aragão funda aí a casa de Santa Clara, onde Inês morre, e Leonor e Fernando vivem grande parte da sua história de amor naquela cidade."
Não será uma obra fácil, nem será uma obra para todos os públicos, mas cuja persistência da leitura é amplamente recompensadora já que esta é dotada de uma riqueza e elegância linguísticas que merecem ser devidamente apreciadas.





Autor: António Franco


Editora: Ésquilo


Páginas: 400


Género: Romance Histórico

terça-feira, 28 de junho de 2011

Viagem Extraordinária nas Terras do Conde Drácula – Vol. II (Arthur Ténor)

Esta colecção de Arthur Ténor, tem, em pano de fundo das histórias um conceito bastante original, sobretudo a ideia de pudermos fazer viagens a mundos paralelos através de uma agência de viagens, tal como conhecemos no nosso mundo. Assim somos levados a viajar por mundos diferentes (que neste, segundo volume, são as Terras do Conde Drácula, mas em cada volume é-nos proposto um universo novo a descobrir).
Assim, retomámos a saga do ex-explorador do Imaginário, Thédric Tiber, que passa horas descontraídas, felizes, com a sua elfo amada, Lizlidie, no Reino das Sete Torres, até ao momento em que um acontecimento inesperado o obriga a retomar as suas funções antigas. Tiber recebe a visita inesperada de Siléas Blein, comandante das forças especiais da Unidade de Vigilância e Exploração do Imaginário (USEI).
Assim, apesar das suas resoluções, sai do seu retiro para ajudar o seu antigo chefe, uma vez que ele é a derradeira chance para ajudar Clara Binker, uma diplomata vítima de um acidente de transferências quântica, ela era aguardada numa certa Londres do Imaginário onde se encontraria uma figura muito célebre de todos nós, Sherlock Holmes, mas é Vlad Tepes, o conde Drácula, que a recebe no seu mundo. Thédric é o único terriano apto para fazer face ao terrível conde da noite, uma missão que ele desejava recusar mas que as circunstâncias não lhe dão qualquer outra opção. Sabe que tal missão será nada menos que um confronto directo com a morte.
Viagem Extraordinária nas Terras do Conde Drácula – Vol. II, num primeiro momento surge-nos como um romance dentro desta actual tendência adolescente / jovem adulto, até porque o personagem de Bram Stoker, e da longa lista de seguidores do autor, inspirado num senhor feudal do século XV, está ferozmente em moda, sabido que é que este epifenómeno da Bit-Lit parece encontrar grande aceitação um pouco por todo o mundo. E de modo semelhante, também como uma referência global, encontramos o herói de Arthur Conan Doyle, Sherlock Holmes, outro protagonista que aparece neste segundo volume, sendo inquestionável que ambas as figuras fazem parte do imaginário colectivo contemporâneo e, por isso, avivarem, por si só, a imaginação de cada leitor.
Retomando o ponto inicial, de facto, os universos alternativos, estão na base da intriga principal da série de Arthur Ténor, um ex-professor primário que há alguns anos tornou-se escritor de romances para jovens. O autor conta com uma obra extensa, diversos outros ciclos, todavia ainda em vias de tradução entre nós, ainda assim, olhando para o conjunto, a obra do autor representa uma paleta de cenários muito completa capaz de cativar leitores de idades jovens, com uma apetência para abordar temas e formas próximas da fantasia heróica.
Tendo dito isto, Viagem Extraordinária nas Terras do Conde Drácula – Vol. II destina-se a um público um pouco mais maduro, tendo em conta uma certa complexidade temática (a física quântica, os universos paralelos, as referências literárias) e o próprio vocabulário empregue que encontra-se longe de ser banal e redutor.
Por outro lado há algumas expectativas que podem sair um tanto ao quanto desfasadas, nomeadamente o facto das duas personagens míticas não terem um papel de maior destaque, nomeadamente Sherlock Holmes que se vê muito pouco em acção (as suas capacidades dedutivas são subaproveitadas). E perante estes dois gigantes, o personagem principal parece não ter grande força ou personalidade, uma fanfarronice excessiva, trapalhão, muitas peripécias relatadas com muito humor, difícil de fazer esquecer. E este desfasamento entre as personagens pode ser um tanto ao quanto desconcertante, até porque, por outro lado, o autor manteve as nossas percepções clássicas que temos sobre os vampiros. Encontro bem construída toda a aura de um vampiro essencialmente “maléfico”, uma entidade que assombra as criptas e catacumbas fétidas. Em torno deste personagem temos cenas bem mais dramáticas, tingidas por um romantismo negro, mas com uma personalidade muito monótona.
Por final, podemos dizer que é uma obra cheia de boas ideias, quer para a trama quer para os personagens, mas que mereceriam ser mais desenvolvidas, por exemplo num romance de 400 páginas, mas não podemos duvidar da riqueza das diferentes influências. O texto flui num estilo simples, ligeiro, fazendo-nos com maior ou menor proficiência mergulhar em universos paralelos de um modo bastante fácil de aderir.





Autor: Arthur Ténor


Editora: Europa-América


Páginas: 128


Género: Fantasia

Mataram a Rainha! (Charlotte Benzoni)

Mataram a Rainha! é o primeiro volume de um díptico intitulado “A Época dos Venenos”, escrito por Charlotte Benzoni. Trata-se de um romance histórico cuja trama decorre durante o reinado de Luís XIV de França. Aqui encontramos o mote para a história, a nossa heroína, Charlotte de Fontenac, uma noviça fugida do convento que se torna aia real. Através dela percorremos os labirintos dos palácios e residências reais da época, respirando toda a aura de mistério, pompa, sumptuosidade e luxo em seu redor; será neste cenário que descobrimos as três mulheres mais influentes da corte, a rainha Maria-Teresa, e as amantes do rei, Françoise d’Aubigné, a madame de Maintenon e Françoise Athenais, madame de Montespan, bem como uma figura menos conhecida, mas central, monsieur de la Reynie, através de quem seguimos os episódios de envenenamento.
A acção desenrola-se a partir do momento em que a jovem Charlotte foge do convento quando sabe que será permanentemente lá enclausurada pela madrasta, e procura protecção junto de sua tia, madame de Brécourt, que através das suas influências a coloca ao serviço, no Palácio Real, de Marie Louise, a jovem princesa de Orleães e sobrinha do rei. Aqui encontramos descrições pormenorizadas e bem documentadas da vida quer na opulenta e excessiva corte do Rei-Sol, e o mais ascético e sombrio mundo da corte espanhola de Carlos II. Observamos pelos olhos de Charlotte as impressões destes dois mundos, a oposição entre a severidade e o, hedonismo, deparamo-nos com as impressões dos horrendos espectáculos de autos-de-fé pela Inquisição em Espanha, e depois catapultados para mundo sub-reptício de sedução e ameaças veladas (e não tão veladas), rivalidades, conspirações da corte francesa para onde se vê reconduzida, e é aqui que a trama ganha fôlego.
Trata-se de uma obra de sucesso que explora o capítulo final de um episódio tirado das páginas da história de França conhecido como "O Caso dos Venenos" ocorrido entre 1670 e 1682 (embora a nossa história inicia-se precisamente em Março de 1679), e que abalou todos os patamares da sociedade contemporânea, desde o povo à alta aristocracia parisiense, passando pela própria Corte.
Pelo punho, e pela investigação da autora obtemos um retrato meticuloso de um amplo leque de personagens históricas, algumas delas já referidas, mas não é possível não destacar Philippe, (irmão do rei, mais conhecido por le monsieur) Elizabeth Charlotte, a princesa palatina, Marie Thérese, a rainha, Jean-Baptiste Colbert, ministro das finanças e administrador-geral do reino, as mencionadas amantes reais, madame de Montespan e madame de Maintenon, (uma das quais detesta Charlotte, e a outra quer torná-la na sua nova protegida) e claro, o próprio Luís XIV. Aqui fazemos uma ressalva para o facto de madame de Montespan ser retratada de uma forma mais favorável do que a imagem dela lembrada pela História, enquanto madame de Maintenon surge-nos de um modo mais sombrio e sem quaisquer escrúpulos, que procura não só suplantar Montespan na preferência do rei, mas a própria rainha.
Podemos dizer que se trata de um Bildungsroman, dado que inicialmente encontramos uma jovem de 15 anos, da província, inocente mas que cada vez mais vai criando uma personalidade vincada, audaz e proficientemente, movimentando-se nesse mundo palaciano pleno de intrigas urdidas pelas diferentes amantes do rei, e outros arrivistas, ela deambula do deslumbre para o cinismo da corte, do mundo perfeito e protegido para receio e pânico pela própria vida, após a morte por envenenamento da sua protectora, madamemoiselle de Fontanges, e da própria rainha que entretanto a havia chamado a si. Através Charlotte, observamos o declínio e queda da Madame de Montespan e a ascensão da Madame de Maintenon perante os olhos do rei, e do perigoso jogo de envenenamentos e bruxarias para o qual Charlotte se vê empurrada, mas cujo amadurecimento enquanto cortesã e mulher temos o privilégio de acompanhar.
Trata-se de um livro de leitura fácil e linear que vai empurrando o leitor para a página seguinte. Cujos pontos fortes prevalecentes não se encontram através de uma trama rocambolesca, ziguezagueante, mas sim pelo retrato que a autora nos pinta deste fresco histórico da vida cortesã dos finais do século XVII, todas as personagens, mesmo as secundárias aparecem bem trabalhadas, mas destacaríamos a especial caracterização deste grupo de mulheres nada convencional.





Autor: Paco Diago López


Editora: Planeta Manuscrito


Páginas: 256


Género: Romance

Destaques Esfera do Caos

Aqui fica a lista dos títulos que a Esfera do Caos lançou durante o mês de Junho, e as propostas para o mês de Julho.


Será Poesia? (Eduardo Ferrão)

A paixão pela terra, o grito contra a injustiça, a denúncia da ignorância, a força de lutar, o horror da guerra, histórias de vida… tudo isto reunido em livro, será poesia?

Neste livro convivem conversas a uma só voz com histórias de vida ficcionadas, que podem chocar alguns leitores pela verosimilhança com situações reais e com interioridades profundas. Escrevendo com alma e convicção, o autor provoca a inte­racção com o leitor, prendendo-lhe a atenção e estimulando-o para novas emoções em cada poema.



Falas da Terra no Século XXI - What do we see green? (Vários)

Este livro remete para um mundo progressivamente globalizado, também nas suas repre­sentações literárias, e para os principais desafios ambientais que hoje devemos enfrentar, como as alterações climáticas, a perda de biodiversidade, ou a crescente urbanização do planeta.

Depois de abordar o papel da imaginação ambiental na construção dos textos literários, um elenco de académicos internacionais, com filiação nas artes, ciências e humanidades, convoca o ecocriticismo — uma prática disciplinar que estabelece pontes entre a literatura e o ambiente, buscando exemplos na criação universal, desde a tradicional oral à ficção científica — como quadro de referência para desbravar as obras literárias de alguns dos mais prestigiados escritores portugueses do século XXI: Álvaro Magalhães, Gonçalo M. Tavares, Joana Bértholo, Rui Cardoso Martins, Mário de Carvalho e valter hugo mãe. A meio da jornada somos interpelados por imagens que afirmam nunca ter sido preciso falar de verde.

Os Autores:
Adolfo Luxúria Canibal, Ana Isabel Queiroz, Ana Paula Guimarães, Carlos Augusto Ribeiro, Carlos Nogueira, Cármen Flys-Junquera, Inês de Ornellas e Castro, João Eduardo Ferreira, José Manuel Pedrosa, Natália Constâncio, Tonia L. Payne, Viriato Soromenho-Marques.



O céu também tem degraus (Luís Ferreira)

Segundo Aristóteles, a poesia amarra o homem ao domínio dos sentidos e das paixões, porque, assim o dizia o filósofo grego, a poesia lírica tem um conteúdo subjectivo: “a alma agitada pelos sentimentos”.

Luís Ferreira extravasa os seus sentimentos através da poesia, utilizando a palavra com uma mestria única, amarrando o leitor aos versos, agitando todos os sentidos. Os seus poemas absorvem o calor e o fogo das palavras e transportam-nos para um dos maiores ícones da poesia: o amor. Se o céu tiver degraus, se existirem patamares onde a reflexão pessoal se torna imperiosa, talvez num sétimo céu habite o mistério insondável da poesia.

Nas livrarias a partir de 15 de Julho.



Resolução de Conflitos (António José Oliveira)

Tomando como referência as doutrinas vigentes e a polémica intervenção militar, de cariz internacional, no conflito que opôs sérvios e albaneses no Kosovo, o autor reflecte sobre o papel actual e as condições de eficácia do instrumento militar. Se no passado o poder militar servia para materializar conquistas ou defender a integridade territorial, hoje em dia, e no que se refere à vigilância exercida pela comunidade internacional, a força das armas aplica-se, fundamentalmente, à resolução de conflitos. O emprego da força militar sofreu, portanto, uma profunda mudança em relação à sua utilização tradicional. Neste contexto, a análise do autor e as suas propostas permitem construir um quadro coerente e completo para a compreensão dos novos desafios que o pensamento estratégico e o instrumento militar devem enfrentar.

Nas livrarias a partir de 15 de Julho.



Migrações: das células aos cientistas (Vários)

Da migração de células malignas à migração de cientistas portugueses, passando pelas migrações nos céus e no meio marinho e por aquelas que os Homens fizeram na Pré-História, assim como pela migração dos sons para as palavras: eis o que este livro tem para nos oferecer.

Muitas das preocupações dos cientistas sociais com migrações têm a ver com a realidade dos imigrantes. Em contrapartida, as migrações que o leitor vai encontrar neste livro são outras, vindas de outros ramos da Ciência: de aves e dos homens que as seguem, de peixes, de genes que foram ou ficaram, de sons, de células malignas, procurando perceber a neurociência do próprio movimento, concluindo com uma mesa redonda sobre as motivações de cientistas portugueses que em várias gerações tomaram a decisão de migrar de dentro para fora e de fora para dentro de Portugal, não esquecendo aqueles que, por alguma razão, não partiram. Como em todos os outros Cursos de Verão de Cascais sobre Ciência, os autores deixam-nos sobretudo com a mensagem de como o saber enriquece e responsabiliza.

Coordenadora: Maria de Sousa
Autores: David C. Lyden, Augusto Faustino, Isabel Domingos, Rui Costa, António Amorim, João Zilhão, Raul Rosado Fernandes, Ana Delicado.

Nas livrarias a partir de 15 de Julho.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Reinventar-se (Mario Alonso Puig)

“Se deseja reinventar-se foque-se naquilo que deseja e não no que não tem”, recomenda o autor deste livro curto, ligeiro e de leitura fácil, onde as ideias, tal como a borboleta da capa, esvoaçam erraticamente pelas páginas, dificultando, talvez, a chegada da ajuda desejada mas que tornam-se eficazes quando no final as conseguimos sistematizar.
Poderia dizer-se que se trata de um livro de auto-ajuda todavia com a diferença de que é um cirurgião quem o escreve, a partir de uma perspectiva um pouco mais científica. Aludindo, sem mencionar explicitamente, a epigenética, aos efeitos emocionais da mente sobre o corpo. Já que, segundo, Puig, diversas investigações têm confirmado que os pensamentos positivos fortalecem o nosso sistema imunológico, na mesma medida que os negativos o debilitam. O autor manifesta a sua perplexidade perante a cornucópia de recursos e possibilidades que nós, enquanto seres humanos cognoscientes, temos dentro de nós mas que nunca as utilizamos para descobrirmos o nosso interior: “Assim que alguém descobre que os tem e os potencia então pode crescer de uma forma surpreendente”.
Reiterando que se trata uma obra emanada da comunidade médica (Alonso Puig é um médico especialista em cirurgia-geral, membro da Harvard University Medical School e da Academia de Ciências de Nova Iorque), ele apoia-se em toda a imagiologia do cérebro para traçar o seu pensamento: “Se me encho da sensação de impotência, de desesperança, simultaneamente, posso fotografar uma mudança da irrigação sanguínea do cérebro humano, onde os neurónios parecem funcionar francamente pior” e a pessoa não é capaz de resolver o problema precisamente porque se acha incapaz de o fazer “isso conduz, como uma profecia, que no momento em que o indivíduo acredita nela, passa a tornar-se realidade”, assevera ele.
A ciência refere Puig, demonstrou que os pensamentos humanos se transformam em “moléculas de emoção”, como neurotransmissores, hormonas ou neuropéptidos, e estas substâncias têm a capacidade de favorecer quer a génese de novos neurónios e novas ligações, como de desligar outras. Esta descoberta, acrescenta, revela que o ser humano “tem um enorme potencial” em si mesmo, e que “o nosso diálogo interior cria realidades e que essas realidades tanto nos podem ajudar como nos anularem.
Reinventar-se é um livro que procura convidar quem o lê a encetar um percurso de auto-descoberta, a partir da qual, e de forma progressiva, de compreensão de que aquilo que contemos dentro de nós é um espaço surpreendente e, até mesmo, mágico. Desta forma, afirma, o autor, quando se começa a sair do mundo conhecido e se mergulha na “noite escura”, é exactamente o inverso do que parece, pois o que acontece é que a nossa consciência está a despertar e a nossa mente não sabe o que está a ocorrer. Há que avançar, romper o caos e cooperar com a transformação: focar-se naquilo que é positivo, no pensamento e na linguagem; e assim aceder ao corpo, pois produz rapidamente uma alteração emocional: dormir pelo menos sete horas, fazer refeições ligeiras, fechar os olhos entre 10 e 20 minutos após as refeições, fazer exercício, já que ao mexermos o corpo, tudo também se mexe, e neste estádio de dinamismo, tomar o controlo da respiração, respirar abdominalmente, apercebermo-nos do ritmo interior. Também aconselha a meditar e a valorizar tudo que está acontecendo connosco. É uma obra que procura expor os aspectos mais desconhecidos, porém mais importantes, do funcionamento da mente humana, na medida em que esta se repercute sobre o corpo. Seduz-nos a aventurarmo-nos na verdadeira realidade individual, a apercebermo-nos que grande parte da angústia e do sofrimento que experienciamos vida fora, até é algo mais opcional do que qualquer coisa de inexorável pela qual temos de passar, conduz-nos a entender a nossa natureza fundamental é uma fonte de energia, sabedoria, serenidade, felicidade, criatividade e amor.
Em conclusão, um livro com alguns conselhos simples para melhorar a qualidade de vida e evitar as emoções negativas.




Autor: Mario Alonso Puig


Editora: Esfera dos Livros


Páginas: 192


Género: Auto-Ajuda

Ghostgirl - O Regresso (Tonya Hurley)

A história inicia-se no ponto onde o volume anterior terminara, Charlotte por ter acabado a sua passagem por Dead Ed, e com isso terminado o seu percurso, mas descobre que afinal esse não é o fim da história dela. A vida de Charlotte foi uma contínua desilusão após outra. E, pelos vistos, a morte não a fará propriamente mudar de ideias. Convencida que ter terminado Dead Ed era o ponto de passagem para a pós-vida, Charlotte fica surpreendida quando é informada que tem de completar um estágio! Atender chamadas num centro de ajuda para adolescentes problemáticos não é propriamente algo muito entusiasmante. Até ao momento em que Scarlet lhe liga: uma sessão de pedicura que correu imensamente mal deixou Petula em coma e Scarlet crê que Charlotte seja a única pessoa capaz de a ajudar.
Ghostgirl é uma série, de Tonya Hurley, muito fácil de desfrutar, e a sequela, Ghostgirl - O Regresso, é uma obra muito esperada pelos fãs da. Neste livro seguimos Charlotte, à medida que ela aprende a lidar com a vida após Dead Ed. De modo muito interessante, temos a perspectiva de alguns personagens mais neste livro do que no primeiro, examinando as vidas e memórias de Scarlett, Petula e Damen de uma forma mais extensa. Isto ajuda a dar corpo à Ghostgirl - O Regresso, e tornar a obra mais complexa do que o predecessor, conferindo alguma exuberância extra aos personagens referidos.
Todavia, a história não deixa de surpreender. O humor negro maravilhosamente tecido e omnipresente – encontramos a muito frívola Petula deixada em coma numa sessão de pedicura que correu mal, e o seu detestável séquito (as Wendys) surgem numa moda, funeral chique durante uma parte do romance. É fácil gostar da natureza subversiva do humor, que nunca deixa de nos entreter. Por outro lado a trama do livro parece um pouco descontrolada, durante muito tempo não fazemos ideia de quem a Maddy é, e porque se esforça tanto para prejudicar Charlotte. A revelação dessa sub-história particular é lançada de uma forma um pouco confusa e parecendo um tudo-nada desconexa. Casi se tratava de um enigma para seduzir o leitor, fazê-lo procurar descobrir todas essas motivações achamos que a autora o tornou um pouco obscuro demais.
Tirando isso, todos os elementos que fazem de Ghostgirl tão peculiar e deleitável de ler mantêm-se presentes, acrescendo a eles a sub-trama entre Scarlett e Damen. O desenlace parece-nos extremamente doce e bem inserido no resto da história.
Assim, outro dos grandes prazeres que se pode tirar da leitura desta obra, são as observações inteligentes que marcam o início de cada capítulo. Por exemplo: “A maior parte da esperança torna-se falsa ao reflectirmos sobre ela. É a crença que um resultado será positivo apesar de todas as indicações do contrário. Mas onde estaríamos nós sem ela? É a bússola da mente, a bóia salva-vidas do coração, à qual nos agarramos enquanto esperamos que o auxílio nos chegue. Sem esperança ou afogamo-nos ou nadamos, e a Charlotte tinha esperado descobrir uma forma de nadar.”
É um romance que nos faz, em certa medida, perceber algum do mundo das adolescentes dos dias de hoje. A personagem de Scarlet é a princesa luminosa por dentro e gótica por fora, Petula é a super-popular mas ao mesmo tempo frívola e mesquinha, e Charlotte a rapariga tímida e inadaptada, facetas que facilmente reconhecemos também em nós ou em quem nos rodeia.
Sendo uma obra dirigida a um público jovem, recomendamos Ghostgirl 2 especialmente àqueles para acham que o cruzamento entre a Buffy, Caçadora de Vampiros e a Noiva Cadáver daria uma ideia muito divertida. É cativante, característica e dotada de uma atmosfera deliciosamente sombria, não falando da belíssima encadernação e das ilustrações.





Autor: Tonya Hurley


Editora: Contraponto


Páginas: 304


Género: Romance gótico/Fantasia

Destaques Presença

Aí estão as novidades Presença da segunda quinzena do mês.


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Miral (Rula Jebreal)

Pouco antes da fundação do Estado de Israel, em 1948, Hind Husseini, uma jovem palestiniana, encontra um grupo de cerca de cinquenta crianças abandonadas. Responsabiliza-se por elas e funda um orfanato para crianças palestinianas, Dar El-Tifel. Miral, a protagonista desta obra, foi uma das muitas crianças que ao longo dos anos receberam a protecção e o afecto de Hind e da sua instituição. Aos dezassete anos, confrontada com a realidade angustiante do seu povo, entrega-se à causa política e tem de escolher entre pegar em armas para lutar pelo futuro da Palestina ou, como Hind, dedicar-se à educação como único caminho possível para a paz.

O Último Homem na Torre (Aravind Adiga)

O Último Homem na Torre é o novo romance de Aravind Adiga, autor de O Tigre Branco, o celebrado Booker Prize de 2008. A acção passa-se em Mumbai (Bombaim), uma imensa metrópole onde coexistem mundos de pobreza e privação, uma gananciosa e empreendedora camada de novos-ricos e uma pequena burguesia orgulhosa das suas tradições… Quando o empresário e construtor civil Dharmen Shah entra em cena na comunidade dos moradores das Torres A e B, da Cooperativa de Habitação Vishram, vem perturbar os laços de convivência entre todos, colocando-os em situações limite. Nesta galeria de tipos humanos, que seduz pela sua diversidade e riqueza, reflecte-se a própria cidade, afinal a grande protagonista deste romance.


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Onde Moram as Sombras (Michael Ridpath)

Um manuscrito contendo uma saga sobre um anel com um terrível poder está na posse de uma família há quase oitocentos anos. Este manuscrito terá servido de inspiração a Tolkien para escrever O Senhor dos Anéis, e só este facto já seria suficiente para que muitas pessoas se sentissem tentadas a tudo para o obterem. Mas também seriam capazes de matar? Um thriller repleto de ritmo e surpresas que constituirá uma leitura indispensável para os apreciadores de suspense.

O Último Desejo (Andrzej Sapkowski)

Desde a década de 1990 que o bruxo Geralt de Rivia se tornou um dos heróis de culto na Europa de Leste, tendo passado rapidamente do âmbito literário, para o cinema, a televisão e até os jogos electrónicos. Sapkowski, o seu criador, senhor de um humor corrosivo e de uma escrita de características pós-modernas, é um admirável inovador da linguagem. O facto de se ter imposto num mercado onde domina o fantástico anglo-saxónico é por si só uma proeza, mas mais interessante foi ter rompido com os estereótipos do género. Para Spakowski, o normal é serem as princesas a assaltar os caminhos...


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Vida no Universo (João Lin Yun)

Esta obra apresenta, com rigor científico mas numa linguagem simples, o estado do conhecimento actual sobre a Vida no Universo e o caminho que nos poderá levar um dia a descobrir Vida extraterrestre. Salpicada com episódios de ficção científica, esta obra é simultaneamente didáctica, divertida e indutora à reflexão sobre a natureza humana, o cérebro e a consciência, a sociedade planetária que construímos e a existência de Deus.

A Casa da Sabedoria (Jonathan Lyons)

Enquanto a Europa permanecia adormecida no seu longo sono medieval, limitada a uma literacia rudimentar, a cultura islâmica florescia nos domínios da matemática, da filosofia, da astronomia. Sedentos de novos conhecimentos, alguns académicos cristãos viajaram para oriente e regressaram à Europa com tesouros de sabedoria que viriam transformar a ciência europeia e lançar os alicerces do Renascimento. Uma obra bem fundamentada, que recria com brilhantismo a época em que a Europa bebeu da fonte do conhecimento muçulmano.


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Até que Ele Nos Separe (Emily Giffin)

Rachel White sempre foi o protótipo da «menina certinha», que fazia o que se esperava dela e se sacrificava em prol dos outros. Só que, na manhã após a festa do seu aniversário, Rachel acorda ao lado do noivo da sua melhor amiga. O mais correcto seria esquecer o que aconteceu e seguir em frente, mas, à medida que a data do casamento se aproxima, Rachel descobre que as coisas não são assim tão simples, e em breve terá de escolher entre abrir mão da felicidade ou da sua amizade mais antiga. Um romance que lança um olhar pleno de lucidez e de sensibilidade sobre as nuances que existem no amor, na amizade e na traição.

As Quatro Estações (David Mourão-Ferreira)

Quatro contos, quatro figuras de mulher: o amor como ressaibo de frustração, como descobrimento e expectativa, como recíproco ludíbrio, finalmente como destino. Quatro miniaturas em subtil contraste com o largo painel de Um Amor Feliz. Mas também quatro trechos de música de câmara executados pelo autor de Música de Cama.


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Mãe, Não Faças Cenas! (Rosie Rushton)

Este grupo de amigos, a Laura, a Jemma, o Jon, a Sumitha e a Chelsea são adolescentes que lutam por ter uma vida social própria e adoram divertir-se. Mas por vezes a sua vida torna-se bastante complicada, principalmente quando os pais continuam a tratá-los como crianças e criam situações muito embaraçosas para eles, até mesmo em público!

100 Regras Para a Vida (Richard Templar)

Algumas pessoas parecem naturalmente dotadas para a arte de bem viver. São felizes e têm uma vida harmoniosa. Mas que segredo é esse que as distingue da maioria de nós? Elas conhecem as Regras da Vida - um conjunto de princípios condutores simples, baseados no mais puro bom senso, que englobam os níveis pessoal, familiar e social e que o leitor pode ficar a conhecer nas páginas desta obra bem-humorada e profundamente inspiradora.



Como Lidar Com os Rapazes (Morag Prunty)

Cada rapaz transporta dentro de si um mistério, um enigma por decifrar, e essa é uma das razões que os tornam tão encantadoramente irresistíveis. Sentimos uma vontade imensa de desvendar o segredo que paira à sua volta, mas, por vezes, parece tão difícil chegar até eles! É claro que os rapazes não são todos iguais: há o desportista, o vaidoso, o marrão, o engraçadinho e o… quebra-corações!! Mas a verdade é que todos eles, num momento ou noutro, se sentem inseguros e, até mesmo, com pavor das raparigas, principalmente quando se apaixonam por elas…

domingo, 26 de junho de 2011

Conspiração Octopus (Daniel Estulin)

Daniel Estulin é um jornalista premiado que há 15 anos investiga os segredos e as tramas que envolvem o Clube Bilderberg, uma organização real, liderada por as figuras de charneira da política e economia mundiais e que há mais de cinquenta anos, acredita ele, define a sociedade em que vivemos, o destino de nações. Todo esse trabalho de investigação tem servido de apoio para Estulin criar, romancear, tudo aquilo que não pode provar ou que é delicado demais para expor frontalmente.
A poderosa sociedade secreta conhecida como Octopus não olha nem meios nem fins para voltar a ganhar acesso às contas bancárias secretas que escondem a sua fortuna, enquanto o presidente dos Estados Unidos procura fundos para evitar o colapso financeiro mundial.
Com a economia mundial à beira do colapso, há apenas uma coisa que pode salvar os cidadãos comuns, e os estados da destruição e, deste modo, evitar a criação de um governo único. Infelizmente a pessoa sabia como encontrá-la é um jornalista brilhante que acaba de ser assassinado, é assim que abre o thriller de Daniel Estulin, lançando-nos num enredo imensamente actual, desiludindo todos aqueles que com o fim da Guerra Fria achavam que já não havia bons thrillers políticos para contar.
Em Conspiração Octopus, Daniel Estulin, o autor de O Clube de Bilderberg, criou um thriller completo e com todos os nós bem atados, no qual utiliza as descobertas extraordinárias que fez no decurso da sua carreira como jornalista de investigação, que entretanto se converteu numa estrela internacional.
Quando Simone Casolaro se inteira que o seu amado irmão, Danny, foi assassinado, ela vai ter com a única pessoa em que pode confiar: o seu amante, Michael Asbury. Juntos têm de decifrar os segredos que Danny estava a investigar e descobrir quem o assassinou.
Surge-nos então Octopus, um grupo formando pelos mais poderosos banqueiros, agentes e ex-agentes dos serviços de Inteligência do mundo. O Octopus deseja, sobretudo encontrar os códigos que foram roubados por forças desconhecidas, códigos de contas com gigantescas maquias de dinheiro que haviam sido adquiridas através de uma miríade de actividades ilícitas durante mais de meio século, dinheiro esse disperso e escondido pelos bancos multinacionais. O presidente dos Estados Unidos também procura esse dinheiro para salvar a economia mundial do desastre, enquanto Simone, Michael e Curtis (um amigo de Michael) buscam as pistas que Danny habilmente guardara na sua velha cópia do “Inferno” de Dante.
A Conspiração Octopus de Daniel Estulin é uma obra que nos deixa sem fôlego com as suas frenéticos reviravoltas e ligações surpreendentes com a vida real. “Estulin consegue com o seu primeiro romance aquilo que conseguiu com as suas obras de investigação: faz-nos duvidar do mundo em que vivemos”, afirma o escritor espanhol Javier Sierra.




Autor: Daniel Estulin


Editora: Esfera dos Livros


Páginas: 352


Género: Romance/thriller

Destaque Clube do Autor

A amizade é o tema do Clube do Autor para o mês de Junho.


A Praia da Memória (Nancy Thayer)

Lexi e Clare são as melhores amigas. Cresceram juntas na pequena ilha de Nantucket, onde partilharam as habituais brincadeiras de criança, as primeiras paixões da adolescência e os seus segredos e desejos mais íntimos. Muito do tempo de ambas era passado no seu esconderijo secreto: a praia das Conchas-Lua, um lugar mágico, onde o futuro parecia cheio de promessas.

Tal como o refluxo das marés, a amizade das duas oscila entre os desejos de uma e as ambições de outra. Até que, aos dezanove anos, Lexi deixa a ilha, optando por uma vida de luxo, longe de tudo e de todos, e Clare permanece no lugar onde sempre viveu.

Dez anos depois, Lexi farta-se de uma existência vazia e regressa à ilha, determinada em reconciliar-se com os pais, Clare e, acima de tudo consigo própria. Dez anos de ausência têm o seu peso e a reunião das amigas não é fácil, apesar de tudo o que viveram juntas. Lexi interroga-se então se a felicidade e a união que outrora haviam partilhado na praia das Conchas-Lua serão tão fugazes como o tempo e a maré…

Destaque Esfera dos Livros

A paixão em tempo de guerra é a sugestão da Esfera dos Livros para o mês de Junho.


Por Ti Resistirei (Júlio Magalhães)

Carlos e Nicole conheceram-se nas ruas de Paris. As tropas alemãs avançavam em passo forte e determinado, mas todos acreditavam que a capital francesa estava a salvo da loucura de Adolf Hitler. Enganavam-se. Em poucas semanas, as tropas nazis estavam às portas de Paris e milhares de refugiados procuravam salvação. Nicole encontrou-a em Bordéus pelas mãos do embaixador Aristides de Sousa Mendes que lhe entregou um visto para chegar até Portugal, onde finalmente cairia nos braços do seu amado. Longe da guerra, longe do perigo, longe do estigma de ser judia, seria finalmente feliz. Mas há preconceitos que são difíceis de quebrar e mais uma vez os dois amantes são obrigados a seguir caminhos diferentes. Carlos fica em Lisboa, entre os negócios do pai, um homem influente na sociedade salazarista e a doença da mãe. Nicole parte para Londres, uma cidade que vive dias dramáticos sob a ameaça de ser bombardeada pela aviação alemã. Participa no esforço de guerra da melhor forma que sabe, vestindo a farda de enfermeira, pondo em risco a sua vida para ajudar os outros. Na esperança de conseguir esquecer Carlos. Contudo no meio dos escombros da Segunda Guerra Mundial há um amor capaz de resistir a tudo.

sábado, 25 de junho de 2011

Destaques Chiado Editora

Aqui fica a lista dos títulos que a Chiado Editora lançou (ou ainda vai lançar) durante o mês de Junho.


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A Última Carta que te Deixei (Vera Sousa)

Será que os objectos que temos, as pessoas com quem nos cruzamos, os locais por onde passamos e até mesmo os sonhos que temos durante a noite detêm algum significado?

Um romance que nos remete para a dicotomia entre sonho e realidade, para o poder dos símbolos e para a importância das cartas que, apesar de belas e poéticas, marcam a distância entre as pessoas e o desejo de um reencontro.

facebock cem erros (Umbertto)

Senhor...
Depois de tanto investigar os «cumentários» no Facebook, penso ter descoberto o fascínio pela letra "k". Sem querer parecer presunçoso, é com enorme alegria que o informo que tudo está relacionado com o mundo "Kamoniano". É isso mesmo! O mundo de Kamões!

Se Kamões é o poeta do monóculo? Não! Claro que não! Esse foi Pessoa!
Kamões foi o poeta da pala e dos folhos no pescoço. Senhor, ele foi o autor do épico dos dez kantos.
Sim, esse mesmo! O que obrigou os alunos do 10.º ano a pronunciare palavras tão valorosas como «Taprobana».
Eu percebo a sua confusão. Porque é que os poetas têm sempre algo a perturbar-lhe o sentido da visão? Não sei... mas acho que é porque esse sentido não é o mais importante para o desenvolvimento do seu trabalho. Eles vêem o mundo através do coração e não dos olhos!

E porque é que alguns cantores usam óculos escuros? Bem, alguns penso que os usam para realçar o capachinho e outros utilizam-nos para terem uma justificação para cair quando vão à televisão.
Não me faça mais perguntas porque ainda acaba por me baralhar.
«Bjinhux» (ps: bjinhux é uma forma de beijo. Não sei é se mete língua).


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Os Filhos não são Maus (Carlos Santos Oliveira)

Ainda se lembra onde perdeu o seu filho? Quando é que deixou de ser pai?

Não tenha medo de enfrentar a verdade. Afinal, ser perfeito não é uma virtude, mas tão-somente uma vaidade, sendo certo que jamais alcançará a perfeição. Por isso, limite-se apenas a ser uma pessoa e lute: sofra pela esperança no ser humano.

13 Ideias Politicamente Incorrectas sobre Droga (Hernâni Carqueja)

Este não é mais um livro sobre o tratamento das toxocodependências, mas um conjunto de reflexões, tendencialmente provocadoras, sobre as toxicodependências e a sua relação com a vida, a morte, a natureza, a sociedade e outras envolventes...


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Insubmissão - Resistência ao Salazarismo (Eduardo Ribeiro)

Nos últimos tempos, as contradições da sociedade têm vindo a inverter aquilo que Abril abriu. Pior ainda, perspectiva-se um ambiente carregado de sombras, já que o soldado foi roubado ao povo e este tem de assumir que o tem consentido. Tal contradição está a gerar dinâmicas sociais a caminho da ebulição, cujos exemplos de inconformismo são por demais evidentes, começando a dar novo sentido ao conceito de globalização.

Apetece recordar Vítor Hugo: "Ninguém pode resistir a uma ideia que viu o seu tempo chegar".

No Limite da Tua Ausência (Ana Elisabete Ferreira)

"Prendes-me os olhos, os ouvidos; engoles os meus lábios. Fazes de mim qualquer coisa... Tão concreta e definida como outra coisa qualquer. Agarras-me os dedos nos teus suados e arrastas-me em passos pesados pelo caminho da tua luxúria viva que me devora; que me engole. Rasgas-me a pele, untas-me do teu fel e vicias-te em mim. Eu vejo-te passar e acho que estás demasiado perto; quero a tua carne e o teu peito, quero-te para mim. Mas mais logo, mais logo quero que saias, que te esvaias, que te escondas, te confundas; não quero que estejas aqui.

Eu não sou o tipo de homem que te há-de espancar por ciúmes da tua sombra, embora tu quisesses; eu não sou o tipo de homem que sonha à noite com o sabor da tua saliva. Eu tenho um castelo onde tu não entras, ainda que o teu perfume me esmague as melhores intenções e tudo em mim se altere, e se levante, imponente, raiado e quente, quando tu me tentas.
Mas eu sou um castelo, trancado, ferrado, onde tu não entras.

Eu sou aquele ao teu lado, aquele que se mantém dentro do teu quadro, que te olha de revés, só para que o vejas, sem te ver. Podes tocar-me, trincar-me, levar-me no bolso pelas tuas ruas fora; eu não vivo na tua hora, eu não quero o teu esboço; não vais encontrar-te a ti dentro de mim".


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A Memória de um Natal Diferente (Alberto Manuel Vara Branco)

O progresso tecnológico vive-se no presente. Gastando o que não se tem, com a perturbação económica/financeira, que persiste, encaminha-se para a destruição. Estamos orientados no sentido da ordem para a desordem, uma vez que a lei da entropia destrói a ideia de que a ciência e a tecnologia criam um mundo mais ordenado. Pura fantasia e engano, pois o colapso está à vista de todos. A matéria em demasia, sem haver uma contrapartida espiritual, tem vindo a destruir tudo e todos. o materialismo tem sido o grande causador da infelicidade humana. Os conselhos espirituais orientam-nos para o culminar deste periodo, com a queda civilizacional desta humanidade. Esta não tem entendido o significado do bem, da fraternidade, da dignidade , da amizade. Para a maioria não há interesse em saber: Quem sou eu? Porque estou agora aqui? e Para onde vou?

Crónicas de Eolang - A Conquista (Luís Oliveira)

Após a destruição de Neithorling, Eolin e os restantes sobreviventes, abandonaram a sua terra natal fazendo-se ao mar. Navegaram à deriva durante tempo indefinido até encalharem nas praias de uma terra desconhecida, a que chamaram Eoläng em louvor de Eolin, proclamando-o rei pela sua capacidade de liderança e coragem por os ter conduzido e salvo.
Este novo reino expandiu-se cada vez mais para o interior, erigindo novas cidades ao longo dos anos, tornando-se numa terra mágica habitada por Elfos.

Cerca de um milénio após a chegada a Eoläng, Eolin foi assassinado, cedendo o trono a Throndorin, seu filho mais velho. Mas este, revoltado, resolveu ir atrás do assassino de seu pai, acabando também ele por desaparecer ao cair de uma ravina.
Com todos estes acontecimentos foi atribuído o trono a Elmiar, irmão mais novo de Throndorin, que governou num ambiente de paz e justiça. Findorn é o quinto rei de Eoläng.

Após cinco milénios da chegada dos Elfos a esta terra, são avistados navios desconhecidos a aproximarem-se da costa, tal como o príncipe Palomin havia sonhado, eram os Homens. Findorn concede-lhes terras para eles habitarem e continuarem com as suas vidas. Enquanto isso estranhos desaparecimentos e mortes ocorrem, deixando o reino em desassossego.
Apesar das adversidades, o amor desperta entre os dois povos, novas alianças são formadas e antigas rivalidades despertam.
Com o decorrer do tempo várias cidades são tomadas de assalto, pilhadas, destruídas e os seus habitantes escravizados.
Perante tais ocorrências o rei é obrigado a reunir um exército para tentar proteger o seu povo e as restantes cidades livres, sem nunca descobrir o autor por detrás de tais atrocidades.

Sucessivas investidas inimigas continuam a desolar o reino de Eoläng, levando à queda de quase todas as cidades do reino. Findorn é obrigado a tomar uma última e desesperada decisão. A guerra.


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Efeito Âncora (Carlos Roque)

"O Euro 2004, o grande evento desportivo realizado em Portugal, potenciou paixões globais, unindo vontades patrióticas. Essa é a história que ficou registada para sempre nos arquivos e no nosso imaginário. Contudo, com essa competição a servir de pano de fundo, a uma escala microscópica, existiu um «eu» que se aproveitou dessa maré de euforia crescente para se esquecer de si próprio."

Angelina... Uma Luz ao Fundo do Espelho (Fernando Pereira Marques)

Tinha presente as recomendações da mãe: Não abras a porta a estranhos, não dês conversa ao telefone, não brinques com coisas perigosas... Mas, na verdade, a tarde era muito longa e, quando se está sozinho, o tempo passa mais devagar.
E é neste tempo, que passa mais devagar, onde as coisas acontecem muito depressa... movidas por dúvidas, certezas, fantasias, energias e agonias próprias de uma menina de quase 11 anos.

Angelina, com dificuldades de adaptação e integração na escola e com mau aproveitamento escolar, descobre que um espelho é capaz de fazer de amígo íntimo ou de diário. Desenha-se assim uma viagem da escola a caminho da vida, com venturas e desventuras próprias da idade e dos tempos actuais: verdadeiras aventuras que fazem crescer!


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O Homem de Tupi-Upi (Carlos Leão Pires)

Valdemir Fagundes, o embaixador de um país fictício, a união comunitária de Tupi-Upi, situado numa ilha imaginária, a ilha de Tomará, agradecia diariamente ao Sol, ao Mar, à Terra e ao Ar, por viver mais um dia com saúde e alegria e poder desfrutar da companhia, respeito e consideração dos seus amigos.

O seu povo, o povo de Tupi-Uni, senhor de uma organização social, política e económica muito peculiar, procurava, de todas as formas possíveis, estar sempre na vanguarda do conhecimento científico e evolucional da humanidade, ecologista por natureza, recusava-se por razões de cultura e tradição, a usar armas letais e a tirar a vida aos seus semelhantes, mesmo em períodos de grande tensão.

Folhas Soltas (Zito Lopes)

"Folhas Soltas" representam a riqueza interior de um jovem autor que se revela. Se o inevitável lirismo está presente na maior parte das composições, outras há em que pontifica a terceira pessoa, denotando o exercício de contemplação e reflexão para fora de si próprio. Assim, é possível perceber não só a revelação de uma sensibilidade egocêntrica, mas também uma consciência predominantemente dicotómica da vida, insinuando-se, na seiva da palavra, um poeta em construção.
Professor José António Silva


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Segredos de Quem Ouve (Paulo Dantas da Costa)

Os segredos de quem ouve são a liberdade de tornar como SINCEROS todos os sorrisos e como belos todos os OLHARES, são a possibilidade de novamente interpretar todo o nosso ser, desfrutando da existência dos outros. Crê-se que são os segredos que dão origem a TESOUROS...

O AMOR é a fonte do choro, bom e mau, é a origem do sorriso, a única forma física onde ele se mostra é no BRILHO DOS OLHOS dos que amam. Acima de tudo é uma PARTILHA, de tudo, com tudo, para SEMPRE!.

T-OMA (Joana Pires)

São os Afectos que nos movem, que nos dão Sentido e nos fazem Sentir. Trocarmos afectos, trocarmos Amor, seja com família, amigos, namorado(as) ou pessoas de quem simplesmente gostamos, é o que muitas vezes nos faz sorrir nos momentos mais inesperados. E são estes os momentos que nos ficam realmente na memória e nos adoçam a vida!


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Poemas Para Ti (Vanda Sôlho)

Para ti... que te queimas no fogo da palavra, que estremeces na ternura de uma frase, que vacilas na verdade que foi escrita... para ti... que te encontras a ti próprio em cada verso que lês, que guardas dentro de ti o perfume da saudade, que sentes, como o poeta, a ventura de sonhar... para ti escrevo riso, ainda que chore, escrevo amor, mesmo sofrendo, escrevo sonho e fantasia, ... escrevo a vida em poemas... para ti!

Quando a Palavra era um Verbo (Sara Rodrigues da Costa)

"Sou eu, Ou serei, Para lá caminho. Para os dias em que os nossos actos Nos elevam a quem somos E não ao projecto do que podemos ser. Sou eu Ou serei, Para lá caminho. Para os momentos em que somos filtros, Deixamos o banal E não interessam as palavras que digo Mas sim a força com que as grito."


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De Mãos Dadas com o Vento (Rosa Calisto)

"...Rosa Calisto. médica de profissão, cuja actividade profissional merece, desde há muito, singular prestígio, escrever desde a adolescência, embora a sua trajectória conte apenas com um título publicado: Estados D'Alma (2003).

Com De Mãos Dadas Com o Vento, regressa agora ao convívio dos seus leitores, propondo-lhes uma partilha intimista de alegrias e tristezas, onde pairam muitas recordações assentes em sonhos, utopias, desencantos.

... A musicalidade das palavras, cristalinas como água, dá corpo a uma lírica envolvente, onde o sangue da vida circula com intermitente ardência. Esperamos, e desejamos, novas trajectórias (a seguir com atenção) desta médica escritora que trilha com tanta entrega os caminhos da poesia."

O Feiticeiro-Poeta e o Melhor Ser Humano do Mundo (J. B. Neptuno)

Os pensamentos do feiticeiro-poeta eram profundos, o silêncio já era de tal forma prolongado que alguns dos discípulos abriram os olhos e olharam para o Mestre, interrogando-se se ele estaria a dormir, logo agora neste momento tão importante e delicado.

Todos eles de pipetas na mão esperavam o momento de atuar. Todos eles sabiam que, à vez, teriam que deitar uma gota no cálice, sem enganos, caso contrário, seriam outros discípulos no futuro que ficariam para a história, quando existisse outra oportunidade de voltar a fazer a essência final.

O Mestre suspirou fundo, sinal para os discípulos que não estaria a dormir...


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Um, Dois, Três! Queres que te conte outra vez? (Ana Pontes)

Naquele domingo, ao acordar. Flora sentiu que algo não estava bem. Levou toda a manhã a tentar perceber o que se passava, mas só depois do almoço, quando atravessou o jardum e desceu até à quinta, é que se apercebeu que não conseguia ouvir o canto dos pássaros, acabando por descobrir que todos eles tinham desaparecido!

Foi então que ela e a sua cadela Pipoca conheceram uma fadazinha que lhe explicou o que estava por detrás do desaparecimento dos pássaros. Dias depois, a pequena fada levou-a ao Bosque Verde onde a rainha das fadas a incumbiu de uma missão muito importante.

Flora estava disposta a fazer o que fosse preciso para ter os pássaros de volta ao seu jardim, mas será que conseguiria fazer o que a rainha das fadas lhe pedia? Não iria colocar a sua vida em risco?

Sebastiana Manas - Os Seis Sentidos (Antonieta Ribeiro)

Maio é o mês escolhido para o encontro anual de Sebastiana e das suas irmãs. É um momento especial para a partilha de afectos, para confidenciarem experiências que as marcaram pela sua singularidade. E é na troca de sensações e emoções que se descobrem mutuamente. E quando surge, repentinamente, alguém que se lhes reúne, essa descoberta completa-se como um puzzle.