domingo, 14 de setembro de 2014

Na Pele de Meryl Streep (Mia March)

As irmãs Isabel e June e a prima de ambas, Kat, juntam-se na pousada da mãe de Kat, Lolly e encontram um inesperado tempo de união na projecção de filmes de Meryl Streep.
São mulheres a braços com problemas que lhes parecem impossíveis de resolver e que a levam a encontrar lições de vida em filmes como Kramer contra Kramer ou As Pontes de Madison County.
Todos os que já viram filmes - bons filmes, diria - já sentiram que alguma cena e algum diálogo em particular falava directamente à sua própria vida.
Estas três mulheres, fruto das dificuldades imensas que têm na sua vida privada agarram-se por completo às várias personagens de Meryl Streep para tentarem reconquistar a sua força "feminina".
Na verdade é uma ideia que consegue ser mais plausível do que possa parecer, pois à falta de um tipo de apoio profissional ou especializado, estas mulheres socorrem-se da figura mais forte que está disponível nesse momento.
Não se trata apenas de recorrer a Meryl Streep, trata-se ainda de se reaproximarem enquanto família apesar de em novas não terem sido tão íntimas quanto seria lógico que acontecesse ao serem criadas juntas e tendo perdido os pais.
Se à volta destas mulheres todos parecem incapazes de compreender os seus dramas, a quem podem elas recorrer senão à sua própria família? Mesmo se a relação com esta nunca lhes pareceu a melhor!
Assim vai decorrendo a história, com estas personagens a criarem laços ao mesmo tempo que se descobrem a si mesmas, o que as ajuda a superar os preconceitos que tinham umas com as outras.
Os filmes de Meryl Streep que elas vão vendo não reflectem apenas os dramas das personagens, dão respostas possíveis 
Uma das grandes conquistas de Mia March foi ter conseguido evitar que parecesse que cada uma das mulheres do livro era uma imitação das personagens dos filmes escolhidos.
Meryl Streep através dos seus filmes é quase uma quinta personagem do grupo, com a autora a explorar os filmes de forma muito rica e muito intensa.
Sobretudo porque guarda um mistério acerca de Lolly e África Minha, filme que se recusa a ver de novo, que vai levar a que a reconquista destas mulheres da sua própria vida não seja tão simples como parece ir acontecer ainda a meio do livro.
Pois se o final tem muito de "certinho", certamente feliz creio eu, também é um final forte e credível, o final indicado para o que este livro nos mostrou ao longo das suas páginas.
Acima de tudo, é um final que se gosta de ver acontecer a um conjunto de personagens que Mia March tornou quase reais, fruto de uma narração que vai mudando de voz entre Isabel, June e Kat e que permite que certos momentos se reflictam a partir de vários pontos de vista e, sobretudo, de várias consciências diferentes que levantam mais hipóteses sobre uma personagem do que se fosse ela própria, somente, a reagir.






Autor: Mia March


Editora: Bertrand Editora


Páginas: 344


Género: Romance

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